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Academia de Letras

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Nota: Para outros significados de Academia, ver Academia (desambiguação).
Academia das Ciências de Lisboa; fundado em 1779, é a mais antiga academia de letras da língua portuguesa, ainda em actividade.

Academia de Letras é uma instituição de cunho literário e linguístico, que reúne uma quantidade limitada de membros efetivos, numa tradição iniciada no Século XVII com a Academia francesa.[1]

A "Academia de Platão" em Atenas.

O termo "academia" remonta à Academia de Platão - escola fundada pelo célebre filósofo grego nos jardins que um dia teriam pertencido ao herói Akademus (donde vem o nome). Ali buscava-se, pelo dialética socrática, o saber pelo questionamento e pelo debate. Ao contrário da Escola de Isócrates, onde o conhecimento consistia na mera repetição do saber.[2]

Foi com esta ideia de debates, que diversas instituições literárias surgiram em França, entre as décadas de 1620 a 1630 - consolidando-se na matriarca de todas as agremiações literárias - a citada Académie

Mas, mesmo antes destas, existiram outras instituições com objetivos análogos, tais como:

Após a fundação da Académie, em 1635, outras tantas surgiram e desapareceram:


Em Portugal, onde se conheceu grande profusão de academias entre os séc. XVII e XVIII[9]:

Ao Brasil, com certo atraso, foram fundadas:

Muitas outras vieram das quais apenas a francesa subsistiu - tendo também sido a única oficializada pelo Estado.

Academias Portuguesas

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A primeira academia portuguesa foi a Academia dos Generosos, fundada por D. António Alvares da Cunha, em 1647.[17]

O espírito academista manifesta-se em Portugal, como nos restantes países europeus, desde o período renascentista, numa ótica de retomar a tradição da Grécia Antiga. Com efeito, são várias as academias organizadas entre nós ao longo dos séculos XVII e XVIII, desde a Academia dos Singulares (1663) à dos Ocultos (1745), passando por uma das mais ilustres, a Academia Real da História Portuguesa, criada por decreto de D. João V em 8 de Dezembro de 1720 – demonstrando a atenção dos monarcas lusos às tendências culturais da Europa.[12][9]

Sob a influência de D. Francisco Xavier de Meneses, 4° Conde da Ericeira, estas academias foram juntando aos interesses literários algumas preocupações científicas, que se materializaram nas entidades por ele sustentadas: as Conferências Discretas e Eruditas, a Academia dos Generosos, a Academia Portuguesa e a mencionada Academia da História. Todavia, enquanto estrutura de suporte ao desenvolvimento da ciência no sentido moderno, é à Academia das Ciências de Lisboa que cabe o protagonismo. Esta é, na história das academias portuguesas, a que mais se destaca, e já diversos autores consagraram estudos à sua formação, às suas actividades, e mesmo ao seu relevo no contexto científico[17][10]

As primeiras academias portuguesas, denominadas «academias ericeirenses», por seguirem o modelo associado a D. Francisco Xavier de Meneses, pautavam-se pela falta de normas rígidas e hierarquizadas de organização inerentes a um modelo académico de agremiação científica.[17][10] Sendo certo que é notável, para a época e para o meio onde surgiram, que se tivessem feito tão significativos contributos para o debate apaixonado da ciência, o certo é que esta primeira geração de academias ainda tinha feições um tanto rudimentares.[17]

Academias no Brasil

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A Academia Brasileira de Letras, fundada em 1897, em Rio de Janeiro.

Após a fundação da Academia Brasileira de Letras, foram sendo constituídas Academias em cada Estado da Federação brasileira. Sem possuir a grandiosidade e importância da Brasileira, várias delas constituem-se ativas e importantes espaços para a divulgação da literatura local e reconhecimento dos valores estaduais, neste mister, destacam-se, nos dias atuais, a Academia Paulista de Letras e a Academia Cearense de Letras. A Carioca já ocupou lugar de destaque, mas hoje, assim como a Baiana, não tem conseguido manter o nível de atividade do passado.

Muitas cidades têm na sua Academia o órgão literário máximo, no qual se reúnem-se os expoentes locais, numa extensa lista. Nestas, destaque especial para a Montesclarense, a Academia Recifense de Letras e a Caetiteense - em Minas Gerais, Pernambuco e Bahia, respectivamente.

Academias "mistas" e "categorizadas"

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No Brasil, com a proliferação de entidades literárias, muitas cidades não reuniam "literatos" em número suficiente para que viessem a justificar a fundação de um "silogeu". Vieram, assim, as Academias "mistas": de "letras e artes" (em tese, todo "artista" pode ser membro); de "letras e música", etc.

De outro lado, certas categorias profissionais ou associativas, reunindo em seu bojo muitos escritores, passaram a criar Academias específicas: médicos, militares, maçons, passaram também a ter "suas" próprias Academias de letras, nominadas como no caso dos formados em Direito, das chamadas academias "de Letras Jurídicas".

Referências

  1. Bernardo, Luís Miguel (1 de julho de 2005). Histórias da Luz e das Cores, volume 1. [S.l.]: U.Porto Editorial - Universidade do Porto. ISBN 9789728025878 
  2. Reale, Giovanni (2008). História da filosofia antiga III - Os sistemas da era helenística. [S.l.]: Loyola. ISBN 9788515008483 
  3. Moreri, Louis (1753). El gran diccionario historico, o Miscellanea curiosa de la Historia Sagrada y profana ... (em espanhol). [S.l.]: a costa de los libreros privilegiados 
  4. Pereira, Milena da Silveira (1 de janeiro de 2014). A crítica que fez história: as associações literárias no Oitocentos. [S.l.]: SciELO - Editora UNESP. ISBN 9788568334508 
  5. Carutti, Domenico (Maio de 2009). Breve Storia Della Accademia Dei Lincei (em italiano). [S.l.]: BiblioBazaar. ISBN 9781110110315 
  6. a b Andrade, António Alberto Banha de (1966). Vernei e a cultura do seu tempo. [S.l.]: UC Biblioteca Geral 1 
  7. «History of the Royal Society | Royal Society». royalsociety.org (em inglês). Consultado em 20 de julho de 2019 
  8. Corniani, Giovanni Battista (1856). I secoli della letteratura italiana dopo il suo risorgimento: commentario di Giambattista Corniani, colle aggiunte di Camillo Ugoni e Stefano Ticozzi, e continuato sino a questi ultimi giorni (em italiano). [S.l.]: Cugini Pomba e comp. 
  9. a b c d Coimbra, Universidade de; Coimbra, Universidade de. «História da Ciência na UC». História da Ciência na UC. Consultado em 8 de janeiro de 2023 
  10. a b c d e f g h i j k l m n o «Ciência em Portugal - Episódios». cvc.instituto-camoes.pt. Consultado em 20 de julho de 2019 
  11. Bigotte de Carvalho, Maria Irene (1997). Nova Enciclopédia Larousse vol. 1. Lisboa: Círculo de Leitores. p. 42. 314 páginas. ISBN 972-42-1477-X. OCLC 959016748 
  12. a b c Ferreira, Lícinia (2014). O PAPEL DAS ACADEMIAS NO DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA EM PORTUGAL: O CASO DO INSTITUTO DE COIMBRA (PDF). Coimbra: Universidade de Coimbra. p. 3 
  13. Palma-Ferreira, João (1982). Academias literárias dos séculos XVII e XVIII. Lisboa: Biblioteca Nacional. 160 páginas 
  14. Scarparo, Marcelo Kochenborger (2010). «História e representações do espaço na Academia Brasílica dos Esquecidos (Salvador, 1724-25)» 
  15. Cavalcanti, Nireu (18 de março de 2015). O Rio de Janeiro setecentista: A vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da corte. [S.l.]: Zahar. ISBN 9788537814192 
  16. a b «literatura». www.academialetrasbrasil.org.br. Consultado em 20 de julho de 2019 
  17. a b c d Bigotte de Carvalho, Maria Irene (1997). Nova Enciclopédia Larousse vol. 1. Lisboa: Círculo de Leitores. p. 43. 314 páginas. ISBN 972-42-1477-X. OCLC 959016748